

O separatismo de Taiwan e a aliança entre comunistas e nacionalistas
A história de Taiwan
Durante os anos de 1928 e 1949, na China, o general Chiang Kai-shek governou o país de forma intermitente. O estadista era lider do partido nacionalista Kuomintang, que comandou a resistência contra os japoneses durante a - Segunda Guerra Sino-Japonesa e contra o Exército comunista, liderado por Mao Tsé-Tung.
Após a Revolução Chinesa de 1949, marcada pela vitória do Partido Comunista, Chiang e milhares de seus aliados se exilaram na ilha de Taiwan, onde estabeleceram a República da China - nome oficial de Taiwan - e reivindicam o título de “verdadeira China”. Porém, o território é visto apenas como uma província rebelde na perspectiva de Pequim.
O líder nacionalista governou a ilha sob uma lei marcial que durou até o ano de 1987. Durante o período, Chiang iniciou o processo de desenvolvimento da indústria local, instalou bases militares por todo o território e perseguiu opositores ao seu regime. Esse processo ficou conhecido como “Terror Branco” e estima-se que cerca de 140 mil pessoas foram presas durante o regime e 4 mil perderam a vida por se oporem ao governo de Chiang e seu partido, o Kuomintang.
O apagamento histórico de Chiang e o descontantemento nacionalista
Em 2018, a Presidente Tsai Ing-wen, do Partido Democrático Progressista, criou um comitê de justiça para investigar o regime de Chiang. A delegação foi dissolvida em 2022, mas antes, recomendou tornar públicos os documentos da época classificados como sigilosos e também remover estátuas do ex-líder de espaços públicos.
No entanto, a proposta está sendo retardada por resistências dentro do próprio governo. Chiu Kuo-cheng, Ministro da Defesa Taiwanês, se opõe a esse processo e afirma que é uma tradição militar da ilha homenagear o generalíssimo que fundou as academias militares no território.
A aproximação do comunismo chinês e do nacionalismo taiwanês
O Kuomintang, apesar de se opor ao governo chinês, defende a manutenção de uma relação estreita com a China continental. Entretanto, o independentista Partido Democrático Progressista, em ascensão política na ilha desde os anos 2000, propõe o afastamento das saudações ao ex-líder nacionalista, não apenas pelas violações contra a população cometidas por este, mas também por representar o nó de laços históricos e culturais com Pequim, os quais o partido pretende cortar.
Com isso, o Partido Comunista Chinês e o Kuomintang, que planejam e discutem uma eventual reunificação dos territórios, apesar de discordarem dos termos desse processo, veem o separatismo proposto pelo atual governo taiwanês como uma ameaça aos seus objetivos.
O Kuomintang acusa os democratas progressistas de buscarem o apagamento histórico da ilha e do legado econômico, social e militar de Chiang Kai-shek. Pequim ainda não se manifestou sobre o processo.
Por: André Ribeiro 09/05/2024
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