

No início de abril de 2025, o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump impôs novas tarifas sobre produtos de diversos países, incluindo o Brasil, como parte de sua política de proteção à indústria e à agricultura norte-americanas. As tarifas, que chegam a 10% sobre uma ampla gama de bens, já estão em vigor e vêm gerando preocupações no setor agroexportador brasileiro.
Embora os impactos variem conforme o produto e o destino das exportações, é inegável que as medidas representam um desafio estratégico para o agronegócio do Brasil, sobretudo diante da crescente dependência de mercados internacionais.
Setores diretamente afetados:
Sebo bovino e madeira perfilada
Esses produtos têm os Estados Unidos como principal destino, o que os torna altamente vulneráveis às novas tarifas. De acordo com um levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), esses setores correm risco imediato de retração comercial, uma vez que a elevação dos custos reduz a competitividade no mercado americano.
Suco de laranja e café verde
Trata-se de duas commodities importantes para a balança comercial agrícola do Brasil. O suco de laranja, historicamente exportado em grandes volumes para os EUA, pode sofrer perda de participação de mercado. O mesmo vale para o café verde, que enfrenta concorrência com fornecedores que não estão sujeitos às novas tarifas, como Vietnã e Colômbia.
Etanol
O etanol brasileiro, principalmente o de cana-de-açúcar, também foi incluído nas medidas tarifárias. A tarifa sobre esse produto saltou de 2,5% para até 12,5%, o que torna menos atrativa sua entrada no mercado norte-americano. Essa mudança pode afetar diretamente regiões produtoras como o Centro-Sul do Brasil, especialmente São Paulo, principal polo sucroenergético do país.
Possíveis oportunidades em meio à crise
Apesar do cenário desafiador com os EUA, as novas tarifas norte-americanas também abrem espaços estratégicos em outros mercados. Um dos principais exemplos é a China, que anunciou medidas de retaliação às tarifas de Trump, elevando as taxas de importação sobre produtos agrícolas americanos.
Soja e carne bovina
A disputa comercial entre EUA e China cria oportunidades para o Brasil ampliar ainda mais sua presença no mercado chinês, que já é seu maior parceiro comercial. Com a imposição de tarifas de até 34% sobre produtos agrícolas dos EUA pela China, o Brasil pode se tornar o principal fornecedor de soja e carne bovina para o país asiático.
Café
Embora o café verde enfrente desafios nos EUA, outros mercados podem se abrir ou se expandir, dada a tradição e qualidade do café brasileiro. Com um planejamento estratégico, o setor cafeeiro pode direcionar parte de sua produção para países europeus, asiáticos e do Oriente Médio.
Portanto, as novas tarifas impostas por Donald Trump representam um golpe sobre setores importantes do agronegócio brasileiro, especialmente aqueles com forte dependência do mercado norte-americano. No entanto, o contexto também oferece oportunidades, especialmente em um mundo cada vez mais multipolar no comércio agrícola.
Por: Mariana Medina em 20/04/2025